A 1 de dezembro de 1900, realiza-se, em Portugal, um censo populacional.
O jornal humorístico A Paródia do dia 5 de dezembro de 1900 satiriza o boletim de recenseamento da população que vinha sendo profusamente distribuído pelas casas de todos os habitantes do reino.
O humorista achou certamente estranho certas perguntas formuladas naquele boletim como «se dormiu em casa no dia 30 de novembro» e «se tinha hóspedes no dia 1 de dezembro».
É evidente que só sabendo onde cada um estava na noite de 30 de novembro para 1 de dezembro se poderia fazer uma contagem precisa da população.
No entanto, A Paródia considerou que, perante tais perguntas, também teria o direito de distribuir pelos fogos dos seus leitores e leitoras um boletim onde constassem, entre outras, as seguintes questões:
«A que sexo pertence, masculino ou feminino? Está contente com a sua sorte?
Não desejaria pertencer ao outro? É solteiro? Caiu na asneira de casar? Ou tem a felicidade de ser viúvo?»
«Quantos anos tem além do que nós sabemos?»
Numa altura em que bater nas mulheres do agregado familiar não era considerado um crime grave, aquele jornal propõe, ainda, perguntar no seu boletim estatístico:
«Tem sogra? Já lhe partiu a cara? Quantas vezes?».
Fonte: A Paródia n.º 47, de 5 de dezembro de 1900, p. 3
Documentos: Censo da população do reino de Portugal no 1.º de dezembro de 1900, Volume I